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ESTADO DA ARTE



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2. ECOLOGIA, BIOLOGIA E BIOTECNOLOGIA



2.1 ECOLOGIA



No âmbito das perspectivas ecológicas a contestação de paradigmas antropocêntricos é marcada pela “deep ecology” de Arne Naess (1973; 1989) que propõe uma abordagem sistémica à organização da vida “social” e “natural”, sugerindo que todos os seres vivos se encontram interligados numa teia de relações biosféricas, à semelhança da “web of life” de Capra (1996).


Contudo, uma ecologia pós-humana dá um salto qualitativo numa nova e mais complexa direcção (Wolfe, 2010). O pós-humano reclama que o contexto tecnológico, ambiental e social do Antropoceno necessita de uma “ecologia da complexidade”, que discuta politicamente as relações humano e não-humano, (Cudworth & Hobden, 2011, p. 45) Esta complexidade deverá contemplar também elementos “não vivos”, ou “coisas” incluindo agências materiais e tecnológicas como “biofotões, nanoelementos e máquinas inteligentes” (Opperman, 2016).


O conceito de uma “Ecologia Negra” poderá ser um dos instrumentos para observar a relação obscura e improvável ‘humano/não-humano’ a que reporta o pós-humano. Morton descreve esta ecologia como “mesmo profunda” [really deep ecology] (2007, p. 133), que numa recusa de sujeitos ideais, abre uma misteriosa janela estética para a melancolia, propondo uma aceitação da vida à sombra da catástrofe ecológica: “Instead of whistling in the dark, insisting that we're part of Gaia, why not stay with the darkness?” (2015, p. 187).


A proposta de Morton liga-se ao apelo de nos mantermos “junto do problema”, de que fala Haraway (2016), com a expressão “staying with the trouble”.



2.2 EVOLUCIONISMO



No séc. XX o neo-darwinismo marcou a combinação, formulada por Ronald Fisher (1930), entre a selecção natural (Darwin, 1872) e a teoria da genética (Mendel, 1925). O neo-darwinismo, ao se focar nos genes como as entidades fundamentais na biologia, tendeu a relegar para segundo plano (ou mesmo a omitir) a existência dos organismos como ciclos de vida, a sua morfogénese e as interacções entre si e o ambiente físico, na produção de comunidades e ecossistemas (Goodwin, 1995). Esta crítica começa a disseminar-se nos anos 90.


Lynn Margulis


O aparecimento da astrobiologia ou exobiologia na segunda metade do séc. XX, marcado por Carl Sagan, programas de SETI vida baseada em carbono…


A biologia foi sobretudo uma ciência analítica, até ao final do séc. XX, momento em que o aparecimento da biologia sintética, marca uma mudança de paradigma. Para além de descrever sistemas biológicos existentes, a biologia debruça-se hoje sobre sistemas biológicos possíveis (Simons, 2021), o que confere à ficção e à criatividade um papel ainda mais central na capacidade de contribuir para a imaginação de realidades alternativas (Knuuttila & Koskinen, 2020).


Na segunda década do séc. XXI a xenobiologia emerge como um ramo da biologia sintética, com o objectivo desenhar e construir sistemas biológicos artificais com estruturas radicalmente diferentes dos sistemas naturais, como estruturas bio-químicas não-canónicas e códigos genéticos alternativos. A xenobiologia debruça-se sobre a criação de células capazes de reter informação genética sob a forma de um código distinto do ADN, baseado em AXN (ácidos xenonucleicos) que propõem uma mudança de paradigma radical na teoria da evolução e da hereditariedade.



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ECOLOGIAS TENTACULARES